Início ENTREVISTAS É hora de alinhar em Glen Helen | Entrevista Jorge Balbi Jr.

É hora de alinhar em Glen Helen | Entrevista Jorge Balbi Jr.

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Pra quem está no esporte e/ou acompanha o motocross à alguns anos tem como ídolo e inspiração da nova geração do MX o mineiro Antônio Jorge Balbi Jr. que entre 2004 e 2010 fez história se destacando em grandes competições internacionais como AMA Motocross e Supercross, onde chegou inclusive a vencer uma bateria, andou várias vezes entre os 10 melhores, fez holeshot e adquiriu uma vasta experiência e um estilo muito agressivo que fez dele o maior nome da atualidade, claro que novos jovens talentos estão surgindo e se formando mas Jorge Balbi segue ainda referência de muitos e nesse final de semana aos 34 anos de idade, encara mais um grande desafio internacional, a grande final do Mundial de Motocross em solo americano na famosa pista de Glen Helen com os maiores pilotos europeus e americanos. Conversamos com o piloto direto dos EUA que bateu um papo super interessante com nosso repórter Tiago Lopes, confiram a entrevista a seguir!

SR: De volta a terra que te fez um dos maiores ícones do MX Brasileiro qual é o sentimento em participar de uma prova desse nível e nesse momento da sua carreira, seus resultados mais expressivos principalmente nas competições do AMA foram entre 2006 e 2009 onde se destacou nas difíceis provas do campeonato Americano, quando tínhamos na ativa Rick Carmichael, James Stewart em sua melhor forma e etc. E hoje você vive um outro momento de sua carreira como está a preparação física e mental para essa prova, nessa etapa da sua carreira?

Balbi: Bem de volta aos Estados Unidos, com certeza eu fui muito feliz aqui no período em que morei no país, consegui excelentes resultados e na verdade minha maior motivação de participar dessa prova é saber que vou correr em uma pista que eu gosto muito que é Glen Helen que é sempre muito difícil mais ao mesmo tempo é muito divertida e prazerosa de pilotar. Desde que desço no aeroporto me lembro de tudo, de minhas memórias, de quando desci aqui pela primeira vez em 2004 quando vim correr justamente a final do AMA Motocross aqui em Glen Helen e tudo era novo pra mim e hoje já me sinto um pouco em casa já que vivi tanto tempo aqui. Bom se comparado aos anos em que me destaquei aqui, sim, hoje vivo um outro momento, me encontro com 34 anos de idade, uma idade considerada já avançada para um piloto profissional de motocross, mas o importante é que eu estou feliz, me sinto bem, principalmente nas provas no Brasil, venho em um ritmo ainda crescente e por isso decidi vir correr em Glen Helen, não só pela prova em si mas principalmente pelo fato de poder passar o mês treinando aqui, pegando o ritmo dos pilotos americanos, e hoje, diferente de quando vinha para dar tudo e andar no limite em busca de um bom resultado minha única pretensão nesse final de semana é andar bem, concluir as duas baterias e dar uma puxada no meu ritmo, procurar usar como treino e me divertir, como dizem os americanos aqui: “I want to have fun this weekend” eu quero me divertir esse fim de semana!

SR: Já com a Kawasaki KXF 450 2016 em mãos, qual foi o grande diferencial dessa moto para o equipamento que seus patrocinadores te oferecem no Brasil?

Balbi: Bom em relação a Kawasaki 2016, sim é uma moto completamente diferente da minha moto no Brasil mas é a moto que irei receber da Kawasaki Brasil no final do ano e a diferença é que aqui pude experimentar ela antes já que nos EUA os lançamentos chegam bem mais cedo que no Brasil. A moto é bem diferente do modelo 2015 a ciclística melhorou muito é um modelo bem mais leve e acredito que tem um potencial muito grande e a única dificuldade que estou encontrando mesmo aqui é que a moto mudou muito do modelo anterior e as marcas ainda não estão fornecendo nenhum acessório para preparação da moto, então esse final de semana em Glen Helen irei competir com uma moto completamente original. Mas ao meu ver é melhor uma moto 2016 toda original do que uma 2015 preparada já que esse novo modelo é tão superior que preferi andar com ela toda original!

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Balbi e sua nova KXF 450 2016 modelo original que irá competir na final do Mundial esse fim de semana.

SR: Você acha que participar dessa final do mundial em Glen Helen com grandes pilotos inscritos pode dar um UP no seu ritmo e influenciar os finais de campeonatos no Brasil?

Balbi: Com certeza, acredito que o simples fato de ter vindo para os EUA ficar um mês aqui treinando, você anda com pilotos rápidos aqui todos os dias que vai para pista, aqui eu tenho muita motivação de treinar diferente do Brasil que ando quase sempre na mesma pista e sem nenhum piloto mais rápido para poder dar uma puxada no ritmo e já aqui todos os treinos tem alguém mais rápido pra que eu possa tentar acompanhar e subir meu ritmo, aqui o piloto está em constante evolução e em constante aprendizado. Acho que só o fato de estar aqui e participar de uma competição desse nível isso deve sim dar uma melhora no meu ritmo, pois por mais razoável que seja o meu resultado aqui eu terei que puxar, terei que acelerar e com certeza isso eleva sim o ritmo, andando com os melhores pilotos da Europa e dos Estados Unidos. Eu estou apostando justamente nisso a minha vida pra cá não foi para fazer um bom resultado no mundial, mas sim para usar como treino e tudo que eu aprendo aqui eu aplico nos meus cursos de pilotagem na Balbi School minha escola de pilotagem que está deixando minha agenda cheia no Brasil, assim que voltar para casa irei partir para Bahia onde temos uma sessão de curso, depois em janeiro teremos uma pré temporada em Belo Horizonte e tudo isso que melhoro aqui eu tento passar para os meus alunos!


Balbi representando o Brasil no Motocross das Nações em 2010 onde alcançou uma excelente 6ª colocação classificando o país para as baterias finais.

SR: Qual segredo do Balbi para permanecer tanto tempo competitivo e brigando por pódio praticamente em todas as etapas dos nacionais, sabemos que já é um dos mais experientes da MX1 no Brasil e hoje em dia ao se passar dos 28 anos de idade é normal o ritmo diminuir, a resistência física e tudo isso influi nos resultados, mas você segue com uma tocada agressiva, bem rápido e competitivo no alto nível que está o MX no Brasil, pode nos revelar a fórmula Balbi?… (risos)

Balbi:  Uma pergunta muito bacana essa (risos), primeiro eu quero agradecer pelos elogios é muito legal ver o reconhecimento de um repórter que eu sei que anda de moto, que conhece de verdade o quanto é difícil o motocross. O meu auge já foi eu sei disso, minha melhor fase foi aqui nos Estados Unidos, onde obtive resultados excelentes, bom, resultados que estão marcados na história e eu me orgulho muito deles. Eu acho que não existe uma fórmula, eu sou um cara que sou apaixonado pelo que eu faço, eu gosto muito de motocross, pra mim não existe um dia melhor que poder levantar cedo e ir pra pista treinar, tem gente que até me acha louco (risos). Eu tenho até dó da minha mulher, pois eu acabo de chegar do treino e já vou assistir aos vídeos de motocross, eu sou muito apaixonado pelo que eu faço e creio que isso é o que me mantém motivado e focado. Acho que o que eu fiz de diferente dos demais pilotos foi investir tudo que lucrei com motocross em mim mesmo, enquanto a maioria dos pilotos destaque investem o dinheiro em outras coisas ou até poupam, eu sempre investi em mim, em equipamento e em minhas viagens internacionais. Dentro do possível eu continuo fazendo isso, uma prova clara é minha vinda para Glen Helen, claro que tenho ajuda dos meus patrocinadores brasileiros mas a maior parte das despesas dessa viagem sou eu mesmo que estou bancando. Eu acho que são essas coisas que talvez fizeram toda diferença na minha carreira. Sempre procurei vir treinar fora e foi isso que garantiu a minha técnica e meu estilo e talvez seja isso que ainda tenha possibilitado mesmo com a idade avançada eu ainda estar brigando por pódios no Brasil e é claro minha dedicação amor ao esporte, eu me privo de muitas coisas para viver o motocross. Sempre que posso faço isso, tento me reinventar ir buscar novos aprendizados, melhorar ritmo e etc. Bom se eu ainda tivesse meus 28 anos creio que o campeonato brasileiro seria muito mais difícil para os meus adversários no Brasil (risos) ainda pretendo correr mais uns 2 anos na categoria principal e me sinto muito bem onde eu estou, sou completamente realizado no esporte e ainda pretendo estar brigando por pódios e correndo no Brasil.

SR: Como será sua estrutura e de sua equipe para correr a final do Mundial de Motocross?

Balbi: Bem, minha estrutura é bem simples. Ainda tenho uma casa na Califórnia da época que morei aqui, tenho algumas coisas aqui! Estou só com uma moto é uma moto que eu comprei aqui a Kawasaki KXF 450 2016, tenho um trailer e um carro e é uma estrutura bem pequena mas que para o meu objetivo que é me divertir e evoluir está de bom tamanho e conto com o apoio e ajuda indispensável do meu mecânico Max Balbi e da minha irmã Mariana Balbi que vieram comigo para me dar total apoio nessa prova.


Assista ao vídeo de Jorge Balbi Jr. #55 vencendo uma bateria do AMA Supercross no barro em Daytona em 2008 no auge de sua carreira.

SR: Assim como a maioria dos fãs do Motocross no Brasil, curtimos muito a sua história no esporte e é claro seu estilo agressivo de tocar, para mim é algo que destaca muito e que com certeza rejuvenesce sua presença nas pistas, você sempre me rende belas imagens com #scrubs, #whips e etc, muito obrigado pela atenção e pela oportunidade e deixe aqui sua palavra e seu abraço a todos seus fãs brasileiros, boa prova!

Balbi: Mais uma vez Tiago, muito obrigado pelos elogios é muito bom saber disso, eu acho que meu estilo dentro da pista ele simplesmente relata a minha personalidade. Toda vez que eu entro dentro da pista eu coloco meu coração, eu me emotivo e acho que por isso meu estilo saí tão agressivo, rendendo essas belas imagens para vocês da mídia. Aproveitar essa oportunidade e agradecer aos fãs Brasileiros, desde que cheguei aqui tenho recebido muito carinho de todos pelas mídias sociais, mas quero pedir a todos que entendam, essa é uma corrida muito difícil e que não esperem grandes resultados, pois como disse não é esse meu objetivo aqui e basta olhar a lista de inscritos temos 32 motos de fábrica oficiais. Tem gente que sonha em me ver andando entre os 10, entre os 15, mas nossos objetivos são outros, na época certa da minha carreira eu me arrisquei muito mas hoje esse não é mais meu objetivo e o nível aqui esse final de semana está altíssimo e meu foco aqui é só me divertir, treinar e evoluir. E aí sim quando eu voltar no Brasil eu tenho um desafio que é a Copa Pro Tork Minas Gerais de Motocross que desde o início do ano tem sido meu maior objetivo e temos chances de ser campeões na categoria principal e aí sim irei dar o meu melhor para conquistar bons resultados e também no campeonato brasileiro onde estou bem colocado e quero dar o meu melhor para conquistar bons resultados. Aproveito também para agradecer a todos meus patrocinadores a Pro Tork, a Kawasaki Brasil, a Rfix que cuida do visual da minha moto a Neyfa que nos apoia com muitas peças e também a toda minha família, a minha esposa Fernanda que entende o meu trabalho e aceita eu ficar fora por tanto tempo, ao Max meu mecânico que também deixou a mulher dele em casa para estar do meu lado em mais esse desafio. E pedir ao público que torçam sim por nós e que em breve estamos de volta ao Brasil para terminar as principais competições e também ministrar vários cursos com a Balbi School que estamos com agenda lotada e já com curso para janeiro de 2016. Muito obrigado ao Show Radical pela oportunidade e vamos para pista, torçam por nós!

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Texto: Tiago Lopes | Fotos: RecerX – Transworld  MX – Arquivo Pessoal

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